sexta-feira, 25 de março de 2011

E você, você vive?

A chuva parou, só não parou de jorrar minhas lágrimas, sanguinolentas, ácidas, as quais me cercam e me conduzem a cena do crime... Sinto náuseas. Na janela vejo meu reflexo, e não reconheço mais meus traços, essa fisionomia me parece estranha, esse rosto de pele translúcida e sem expressão não me pertence, cadê as rugas dos sorrisos e da preocupação com as pessoas que amo? Eu amo? Eu sei o que é o amor? Em que ser frio e sem sentimentos eu me tornei? Eu também não sei.
Sinto o mundo rodar, ele não para de rodar, ele não quer parar de rodar. Esse mundo tem sede de viver, sede de viver uma vida só dele e assistir do melhor camarote o espetáculo de marionetes do qual nós fazemos parte, do qual nós somos os atores principais. Nesse palco não há espaço para coadjuvantes, nesse palco não existe comédia romântica e nem fantasia, só drama, tragédia e terror. O mundo corre a uma velocidade absurda nos impedindo de ser felizes, fazendo-nos apenas vegetar e a passar pela vida sem sentir, ser ver, sem viver.
O que está me oprimindo, o que tenho tido vontade de fazer, mas não coragem, que aliás coragem foi o que sempre me faltou... Eu não sei, estou confusa. Por quê? Por que não consigo dominar o monstro que há dentro de mim? Minhas palavras estão ficando vazias de qualquer sentido e minhas frases há muito perderam o nexo. Estou vendo novas nuvens... vai começar a chover.

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